George Edward Moore (1873-1958) é uma figura central na filosofia do século XX e um dos pilares da filosofia analítica. Sua abordagem rigorosa e a defesa intransigente do senso comum revolucionaram o pensamento de sua época, marcando uma ruptura com o idealismo então prevalente.
Este artigo mergulha na biografia de G. E. Moore, explorando sua formação em Cambridge, as ideias fundamentais expressas em obras como Principia Ethica e o impacto duradouro de seu legado na ética e epistemologia contemporâneas.
O que você vai ler neste artigo:
Vida e formação acadêmica de G. E. Moore na filosofia
A trajetória de George Edward Moore, figura central da filosofia do século XX, começou em Upper Norwood, no sudeste de Londres, em 4 de novembro de 1873. Filho do meio entre sete irmãos, nasceu em um ambiente familiar marcado pela cultura: seu pai, Daniel Moore, era médico; seu avô, também George Moore, foi autor; e seu irmão Thomas Sturge Moore destacou-se como poeta e gravador. Esse quadro familiar ajudou a moldar a curiosidade intelectual que acompanharia Moore ao longo da vida.
Moore é frequentemente citado em debates sobre clareza e senso crítico, temas explorados em repertórios de filosofia e sabedoria.
A educação formal de Moore começou em Dulwich College e ganhou novo impulso com sua entrada, em 1892, no Trinity College, Cambridge. Inicialmente voltado aos estudos clássicos, desenvolveu precisão analítica e rigor argumentativo — traços que se tornariam marca de sua obra.
Os anos formativos em Cambridge
A experiência de Moore em Cambridge foi além do ensino formal. Após os clássicos, dedicou-se às Moral Sciences, campo que reunia filosofia, psicologia e economia. Sua performance acadêmica culminou em uma double first, reconhecimento por notas máximas em duas disciplinas distintas. Em 1898 foi eleito Fellow do Trinity College, condição que lhe assegurou independência para pesquisa.
Durante esse período, Moore integrou os Cambridge Apostles (1894–1901), círculo reservado de debate intelectual. Foi ali que forjou laços com pensadores influentes — em especial Bertrand Russell — cuja admiração por Moore ajudou a consolidar um novo paradigma no Reino Unido: a tradição da filosofia inglesa. A convivência em Cambridge proporcionou ainda o encontro com Ludwig Wittgenstein, que viria a ser aluno e admirador.
Influência na filosofia analítica
Em Cambridge, Moore contribuiu decisivamente para o surgimento da filosofia analítica. Sua ênfase na clareza conceitual, na análise lógica e na crítica ao obscurantismo influenciou o método e o vocabulário filosófico da época. Moore valorizava o senso comum como ponto de partida para muitos problemas filosóficos e defendia que argumentos precisos e exemplos concretos eram essenciais para o progresso teórico.
Ascensão e papel na academia britânica
A carreira acadêmica de Moore atingiu um ápice em 1925, quando foi nomeado Professor de Filosofia Mental e Lógica na Universidade de Cambridge, cargo que manteve até 1939. Como docente, ele moldou gerações — muitos de seus alunos e contemporâneos reconhecem a influência direta de suas aulas e leituras. Esse papel pedagógico o tornou referência para estudantes e educadores interessados em ensino crítico e preciso.
Além do magistério, Moore atuou como editor da revista Mind (1921–1947), consolidando-a como fórum central para debates filosóficos em língua inglesa. Presidiu o Cambridge University Moral Sciences Club (1912–1944) e foi presidente da Aristotelian Society (1918–1919), reforçando seu protagonismo institucional.
Moore também deixou contribuição crucial para a ética: sua obra Principia Ethica (1903) revolucionou discussões sobre o valor e a natureza do bem. No livro, Moore apresenta o famoso argumento da “pergunta em aberto” e defende uma leitura não-naturalista do bem, além de enfatizar o apelo ao senso comum como critério metodológico em questões morais. Essas ideias impactaram tanto a teoria ética quanto debates sobre linguagem e significado.
Sua trajetória foi reconhecida oficialmente com a nomeação para a Ordem do Mérito em 1951. G. E. Moore faleceu em 24 de outubro de 1958, deixando uma obra que continua a orientar reflexões no campo da filosofia contemporânea e em áreas afins (filosofia contemporânea).
Legado e relevância
O legado de Moore se dá em múltiplos níveis: pela defesa da clareza analítica, pela influência em escolas sucessoras e pelo impacto em discussões de ética e teoria do conhecimento. Sua atitude crítica diante de discursos vagos e sua valorização de argumentos rigorosos mantêm-se relevantes para pesquisadores, professores e leitores em busca de textos que privilegiem precisão e honestidade intelectual.
Moore permanece uma figura de referência para quem estuda a história da filosofia, a evolução do método analítico e o papel do senso comum na investigação filosófica.
George Edward Moore é uma figura central da filosofia do século XX, conhecido pela clareza conceitual e pela defesa do senso comum. Nascido em 1873, Moore ajudou a moldar a chamada filosofia analítica ao lado de Bertrand Russell e Ludwig Wittgenstein. Sua obra, concisa e precisa, continua a ser referência para estudantes e professores que buscam comprensão rigorosa sobre ética, epistemologia e linguagem.
Moore adotou um método marcado pela linguagem simples e pela análise cuidadosa de conceitos. Essa postura tornou-se marca da filosofia analítica, influenciando debates posteriores sobre verdade, conhecimento e valores. Para leitores interessados em introduções acessíveis à tradição filosófica e suas aplicações práticas, há materiais que contextualizam suas ideias na tradição mais ampla da filosofia e sabedoria.
Principais contribuições na filosofia e obras
Moore deixou contribuições duradouras em várias áreas. Entre os pontos centrais, destacam-se:
- Ética não-naturalista (com ênfase em valores intrínsecos)
- A defesa do senso comum contra o ceticismo radical
- A crítica ao idealismo britânico
- Reflexões sobre linguagem e ação, como o paradoxo de Moore
Esses temas aparecem de forma recorrente em suas obras e palestras, formando um legado referenciado por quem estuda a história do pensamento ocidental.
Principia Ethica e a ética não-naturalista
A obra mais célebre de Moore, Principia Ethica (1903), inaugurou uma crítica sistemática ao que ele chamou de falácia naturalista. Moore argumentou que o termo “bom” não pode ser reduzido a propriedades naturais (prazer, utilidade etc.). Para ilustrar, usou o famoso argumento da questão aberta: definir o bem como “aquilo que causa prazer” ainda permitiria perguntar inteligivelmente se “o que causa prazer é realmente bom?”.
Em Principia Ethica, Moore também defende que certos estados — como amizade e o apreço por objetos belos — são bem intrínsecos. Esses exemplos explicam por que muitos membros do Círculo de Bloomsbury adotaram uma visão moral menos dogmática, valorizando bens internos à experiência humana. Para relacionar esse aspecto mais pessoal da teoria ética de Moore, vale conferir recursos sobre amizade.
Pontos-chave da proposta ética de Moore:
- O “bem” é uma propriedade simples e não-natural.
- Juízos morais são objetivos, mas não redutíveis a descrições empíricas.
- A moral prática deve considerar a maximização de bens intrínsecos.
Defesa do senso comum e epistemologia
A “A Defence of Common Sense” (1925) é central para a epistemologia mooreana. Moore sustentou que certas proposições do senso comum (existência do mundo externo, outras mentes, continuidade temporal) são mais confiáveis que quaisquer argumentos céticos que as neguem.
Em 1939, sua palestra “Proof of an External World” ofereceu uma demonstração simples: ao apontar para as próprias mãos e afirmar que elas existem, Moore defendeu que algumas verdades perceptivas são evidentes por si mesmas. Essa estratégia enfatiza a prioridade da experiência ordinária na investigação filosófica.
A abordagem de Moore influenciou discussões sobre verdade, percepção e justificação. Para quem estuda filosofia da verdade e da realidade, recomenda-se também a leitura de materiais complementares sobre verdade e realidade.
Crítica ao idealismo e legado na filosofia analítica
A ruptura de Moore com o idealismo britânico (notadamente hegeliano) foi decisiva. Em “The Refutation of Idealism” (1903), ele argumenta que o idealista confunde o ato de perceber com o objeto percebido. Moore sustentou que há uma distinção entre sensação e objeto — por exemplo, entre o ato de ver azul e o azul em si — defendendo assim um realismo que afirma a existência do mundo independente da mente.
Outros pontos relevantes:
- O paradoxo de Moore (ex.: “Está chovendo, mas eu não acredito que esteja chovendo”) iluminou relações entre crença, verdade e enunciação.
- Como editor da revista Mind, Moore promoveu a investigação rigorosa e a publicação de trabalhos que consolidaram a filosofia analítica.
Para contextualizar Moore dentro da tradição britânica, há recursos introdutórios sobre a filosofia inglesa que ajudam estudantes a mapear influências e diálogos intelectuais.
Relevância didática e público-alvo
A clareza e o foco em problemas concretos fazem de Moore um autor especialmente útil para:
- Estudantes do ensino médio e superior que procuram citações e sínteses para redações e trabalhos.
- Professores e acadêmicos que necessitam de exposições precisas para uso em aulas e materiais didáticos.
- Leitores e criadores de conteúdo que buscam frases e trechos concisos sobre ética, conhecimento e senso comum.
Recursos direcionados a educadores e estudantes podem complementar o estudo das obras de Moore; por exemplo, páginas voltadas a estudantes oferecem materiais de apoio e sugestões de leitura.
Legado Duradouro de G. E. Moore na Filosofia
A trajetória de George Edward Moore revela a figura de um pensador seminal que redefiniu os rumos da filosofia no século XX. Ao desafiar as tendências idealistas de sua época e advogar pela clareza e pelo senso comum, Moore não apenas moldou o surgimento da filosofia analítica, mas também deixou contribuições indeléveis em campos cruciais como a ética e a epistemologia. Suas obras, notadamente Principia Ethica com sua crítica à falácia naturalista e suas defesas do senso comum, tornaram-se pilares para debates filosóficos subsequentes, evidenciando sua busca incessante por precisão conceitual.
A influência de Moore transcendeu a academia, marcando gerações de filósofos e intelectuais com sua personalidade e caráter moral distintos, como notado por seus contemporâneos. Sua metodologia rigorosa e o foco em problemas concretos, em vez de abstrações excessivas, incentivaram uma nova abordagem na investigação filosófica. Ele demonstrou que a lucidez e a argumentação cuidadosa eram ferramentas essenciais para desvendar as complexidades do pensamento humano e da realidade.
Em suma, G. E. Moore permanece uma pedra angular na história da filosofia, cujo legado continua a ser estudado e debatido por sua profundidade e originalidade. Sua vida dedicada ao questionamento e à busca pela verdade consolidou-o como um dos grandes pensadores de seu tempo, e suas ideias persistem como um convite à reflexão crítica sobre o mundo e a moralidade.
Referências
IEP. G. E. Moore. Disponível em: https://iep.utm.edu/moore/. Acesso em: 15/08/2025.
MEINWALD, C. C. “George Edward Moore”. Encyclopædia Britannica, 2023. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/G-E-Moore. Acesso em: 15/08/2025.
STANFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY. G. E. Moore. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/moore/. Acesso em: 15/08/2025.
WIKIPEDIA. G. E. Moore. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/G.E.Moore. Acesso em: 15/08/2025.
Perguntas frequentes
George Edward Moore (1873-1958) foi um proeminente filósofo inglês, reconhecido como um dos iniciadores da filosofia analítica, ao lado de Bertrand Russell e Ludwig Wittgenstein. Ele se destacou por seu afastamento do idealismo prevalente na Grã-Bretanha e por sua defesa de conceitos de senso comum, contribuindo significativamente para a ética, epistemologia e metafísica. Sua personalidade e caráter moral eram amplamente admirados em sua época.
Moore é mais conhecido por sua defesa do não-naturalismo ético, sua ênfase no senso comum como método filosófico e o paradoxo que leva seu nome. Sua obra mais famosa é “Principia Ethica”, fundamental na reação contra o naturalismo ético e na preocupação do século XX com a metaética. Outros ensaios influentes incluem “A Refutação do Idealismo”, “Uma Defesa do Senso Comum” e “Uma Prova do Mundo Exterior”, notáveis pela clareza e tratamento metódico dos problemas filosóficos.
Como Professor de Filosofia em Cambridge e editor da revista *Mind*, Moore exerceu grande influência sobre seus colegas e o Grupo de Bloomsbury, embora tenha se abstido de participação direta. Bertrand Russell, por exemplo, o admirava profundamente. Sua clareza de pensamento e escrita metódica foram cruciais para o desenvolvimento da filosofia analítica. Ele criticava a falta de progresso na filosofia moderna, contrastando-a com os avanços nas ciências naturais, deixando um legado de rigor e precisão na abordagem dos problemas filosóficos.
No âmbito de sua obra “Principia Ethica”, G. E. Moore cunhou o termo “falácia naturalista” para descrever o erro de tentar definir o “bom” em termos de propriedades naturais, como prazer, utilidade ou qualquer outro conceito empírico. Para Moore, o “bom” é uma propriedade simples e indefinível, uma “qualidade não natural” que não pode ser reduzida a fatos observáveis. Essa ideia foi central para sua defesa do não-naturalismo ético e influenciou profundamente os debates subsequentes em metaética.
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