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Quem foi Golda Meir: a biografia da primeira-ministra de Israel

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Retrato artístico e colorido de Golda Meir (1898 – 1978), destacada figura política e primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra de Israel. Conhecida por sua liderança firme durante momentos decisivos da história do país, incluindo a Guerra do Yom Kippur, Meir foi uma das fundadoras do Estado de Israel e símbolo da luta pela autodeterminação do povo judeu. Ao fundo, a imagem de uma menorá reforça a identidade cultural e religiosa do povo que ela representava.

Em 1969, uma figura notável ascendeu ao poder, marcando um ponto de virada na história de Israel: Golda Meir. Ela se tornou a primeira e única mulher a ocupar o cargo de chefe de governo em Israel, assumindo a liderança em um período de intensas tensões.

Sua trajetória, que se estendeu da juventude em um kibutz à mais alta instância política, reflete uma dedicação inabalável ao sionismo e à consolidação do Estado de Israel. A vida de Golda Meir é um testemunho de liderança e resiliência, servindo como inspiração para muitas líderes democráticos ao redor do mundo.

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A infância e a juventude de Golda Meir

Nascida Golda Mabovitch em 3 de maio de 1898, na cidade de Kiev, então parte do Império Russo e atualmente na Ucrânia, Golda Meir veio de uma família judia humilde. Suas memórias mais antigas incluíam o medo de pogroms, com seu pai, Moshe Yitzhak Mabovitch, pregando tábuas na porta para proteger a família. Esse ambiente de insegurança moldou sua perspectiva desde cedo.

Ela teve duas irmãs, Sheyna e Tzipke (posteriormente conhecida como Clara), e outros cinco irmãos que não sobreviveram à infância. Em busca de oportunidades e segurança, seu pai emigrou para Nova Iorque em 1903 e, posteriormente, para Milwaukee, Wisconsin, em 1905, onde encontrou emprego em oficinas ferroviárias.

Em 1906, a família de Golda Meir finalmente se juntou a ele nos Estados Unidos, marcando um novo capítulo em sua vida. A família estabeleceu-se em Milwaukee, onde sua mãe, Blume Neiditch, abriu uma mercearia. Desde cedo, Golda demonstrou um senso notável de liderança e iniciativa.

Ainda criança, aos oito anos, ela frequentemente ficava encarregada da loja da família enquanto sua mãe comprava suprimentos. Entre 1906 e 1912, ela frequentou a Fourth Street Grade School. Em 1908, junto com uma amiga próxima, Regina Hamburger, Golda Meir organizou a “American Young Sisters Society”, uma iniciativa de arrecadação de fundos para comprar livros didáticos para seus colegas de classe.

Apesar de ter que trabalhar na loja, o que a fazia chegar atrasada à escola com frequência, Golda formou-se como oradora de sua turma. Em 1912, iniciou seus estudos na North Division High School. Foi nesse período em Milwaukee que ela abraçou o movimento sionista trabalhista, uma ideologia que viria a definir grande parte de sua vida e carreira política, buscando a criação de um lar nacional judeu com base em princípios socialistas.

A chegada à Palestina e o início da carreira política de Golda Meir

A virada decisiva na vida de Golda Meir ocorreu em 1921, quando, ao lado de seu marido, Morris Meyerson, ela emigrou para a Palestina, então sob Mandato Britânico. O casal se estabeleceu no kibutz Merhavia, no Vale de Jezreel, imergindo-se na vida comunitária e no movimento trabalhista sionista.

Sua experiência no kibutz solidificou seu compromisso com a construção de uma sociedade igualitária e a defesa dos direitos dos trabalhadores. Sua capacidade de organização e sua oratória rapidamente a destacaram. Golda Meir tornou-se a representante do kibutz junto à Histadrut, a federação geral dos trabalhadores judeus, uma poderosa organização sindical e econômica.

Em 1934, sua ascensão continuou, sendo eleita para o comitê executivo da Histadrut, onde desempenhou um papel crucial na formulação de políticas trabalhistas e sociais. Durante e após a Segunda Guerra Mundial, Golda Meir ocupou várias posições-chave na Agência Judaica, que funcionava como o governo em sombra do futuro Estado de Israel.

Sua habilidade diplomática e sua firmeza foram testadas em negociações delicadas com as autoridades britânicas e em missões internacionais para garantir apoio à causa sionista. Essa experiência a preparou para os desafios da diplomacia internacional, demonstrando características similares às de outros políticos e estadistas da época.

Em 1948, com a proclamação do Estado de Israel, Golda Meir foi uma das 37 signatárias da histórica Declaração de Independência, um testemunho de seu papel fundamental na fundação da nação. No ano seguinte, em 1949, foi eleita para o Knesset, o parlamento israelense, e nomeada Ministra do Trabalho.

Ela ocupou essa pasta até 1956, implementando políticas de habitação e bem-estar social que ajudaram a integrar os milhares de imigrantes que chegavam ao novo país. Em 1956, o então Primeiro-Ministro David Ben-Gurion a nomeou Ministra das Relações Exteriores, cargo que desempenhou até 1966.

Como ministra, ela aprofundou as relações de Israel com a África e a América Latina, além de fortalecer os laços com os Estados Unidos. Golda Meir aposentou-se do ministério em 1966 devido a problemas de saúde, mas sua pausa na vida pública seria breve.

Golda Meir como primeira-ministra de Israel

Em 1969, após o falecimento do Primeiro-Ministro Levi Eshkol, Golda Meir foi chamada a retornar à vida pública e assumiu o cargo de primeira-ministra de Israel. Sua nomeação foi um momento histórico, consolidando sua reputação como uma das líderes mais influentes do país.

No início de seu mandato, ela realizou múltiplas visitas diplomáticas a líderes ocidentais, promovendo sua visão de paz e segurança na região. Apesar de seus esforços diplomáticos, o período de Golda Meir como primeira-ministra foi marcado por conflitos e crises.

O evento mais significativo e desafiador foi a Guerra do Yom Kippur em outubro de 1973. Naquela época, Israel foi pego de surpresa por um ataque coordenado do Egito e da Síria. As perdas iniciais foram severas, e a nação sentiu um choque profundo.

Apesar da eventual vitória de Israel, a percepção pública de que o país havia sido pego desprevenido gerou uma intensa onda de raiva e frustração. Essa reação prejudicou significativamente a reputação de Golda Meir e levou a uma investigação sobre as falhas de inteligência e preparação.

A pressão pública e política sobre seu governo aumentou consideravelmente, resultando em questionamentos sobre sua liderança em um momento de crise. A imagem de “Dama de Ferro” que lhe foi atribuída refletia sua determinação e resiliência, mas também sua intransigência em certas questões.

Sua coalizão, o Alinhamento, não conseguiu obter maioria absoluta nas eleições legislativas subsequentes, indicando o desgaste de seu governo. Diante da crescente insatisfação, Golda Meir renunciou ao cargo em abril de 1974, sendo sucedida por Yitzhak Rabin.

O legado controverso de Golda Meir

O legado de Golda Meir é complexo e multifacetado, gerando debates e análises até hoje na história de Israel. Por um lado, ela é celebrada como uma das fundadoras do Estado e uma figura-chave em sua consolidação e desenvolvimento.

Sua determinação, sua capacidade de liderança e sua dedicação inabalável ao sionismo são amplamente reconhecidas, cimentando seu lugar como uma heroína nacional para muitos. No entanto, Golda Meir também é amplamente responsabilizada por Israel ter sido pego de surpresa durante a Guerra do Yom Kippur de 1973.

Essa percepção gerou críticas significativas e lançou uma sombra sobre seu período como primeira-ministra de Israel. Historiadores frequentemente apontam que, embora tenha sido uma ministra do Trabalho e Habitação de grande sucesso, sua gestão como primeira-ministra foi mais desafiadora e, para alguns, menos eficaz.

Além das questões militares e políticas, suas declarações em relação aos palestinos também foram objeto de controvérsia. Algumas de suas falas foram descritas como o exemplo mais famoso da negação israelense da identidade palestina, refletindo as profundas divisões e o impasse no conflito árabe-israelense da época. Esses comentários contribuíram para a polarização de sua figura.

Golda Meir faleceu em 8 de dezembro de 1978, devido a um linfoma, e foi sepultada no Monte Herzl, em Jerusalém, o principal cemitério nacional de Israel. Sua autobiografia, publicada após sua renúncia, ofereceu uma tentativa de explicar suas decisões e ações durante os anos tumultuados de seu mandato.

A vida de Golda Meir permanece como um símbolo de força e liderança feminina, mas também como um lembrete das complexidades e desafios inerentes à liderança em tempos de paz e guerra. Sua trajetória continua inspirando discussões sobre o papel das mulheres na política e os dilemas enfrentados pelos líderes em momentos críticos da história.

Referências

BIOGRAPHY. Golda Meir. Disponível em: https://www.biography.com/political-figures/golda-meir. Acesso em: 26 out. 2025. BRITANNICA. Golda Meir. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Golda-Meir. Acesso em: 26 out. 2025. COLUMBIA. Golda Meir. Disponível em: https://www.columbia.edu/cu/sifp/gmeir.htm. Acesso em: 26 out. 2025. EN.WIKIPEDIA. Golda Meir. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/GoldaMeir. Acesso em: 26 out. 2025. WORLD HISTORY ENCYCLOPEDIA. Golda Meir. Disponível em: https://www.worldhistory.org/GoldaMeir/. Acesso em: 26 out. 2025.

Perguntas frequentes

Quem foi Golda Meir e qual foi seu papel histórico em Israel?

Golda Meir (1898-1978) foi uma proeminente política, diplomata e estadista israelense, que se tornou a primeira e única mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra de Israel, de 1969 a 1974. Ela é lembrada por ser uma das signatárias da Declaração de Independência de Israel e por sua liderança durante períodos críticos.

Como Golda Meir ascendeu ao poder e quais cargos importantes ocupou antes de ser primeira-ministra?

Golda Meir, nascida em Kiev, imigrou para os Estados Unidos e depois para a Palestina em 1921, onde se envolveu com o movimento sionista trabalhista. Antes de se tornar primeira-ministra em 1969, após a morte de Levi Eshkol, ela serviu como Ministra do Trabalho (até 1956) e Ministra das Relações Exteriores (1956-1966), além de ser membro do Knesset.

Quais foram os maiores desafios enfrentados por Golda Meir durante seu mandato como primeira-ministra?

Durante seu mandato como primeira-ministra, Golda Meir enfrentou grandes desafios, notavelmente a Guerra do Yom Kippur em 1973. O conflito pegou Israel de surpresa, causando severas perdas iniciais e gerando intensa indignação pública, o que levou a uma investigação sobre as falhas de inteligência e à sua eventual renúncia em 1974.

Qual é o legado de Golda Meir na história de Israel?

O legado de Golda Meir é complexo e controverso. Ela é celebrada como uma fundadora do estado e descrita como a “Dama de Ferro” da política israelense. No entanto, também é amplamente criticada por ter sido pega de surpresa na Guerra de 1973. Muitos historiadores avaliam que seu sucesso foi maior como Ministra do Trabalho e Habitação do que como primeira-ministra.

Perfil

Golda Meir

Golda Mabovitch
Golda Meyerson
A Dama de Ferro
Primeira-Ministra Golda Meir
Nascimento: 3 de maio de 1898 Kiev, Império Russo (atual Ucrânia)
Falecimento: 8 de dezembro de 1978 Jerusalém, Israel
Mandato como Primeira-Ministra: 17 de março de 1969 – 3 de junho de 1974 (5 anos)
Golda Meir foi uma proeminente estadista israelense, a quarta primeira-ministra de Israel, servindo de 1969 a 1974. Nascida Golda Mabovitch em Kiev, migrou com sua família para os Estados Unidos na infância e, mais tarde, para o Mandato Britânico da Palestina em 1921. Foi uma das signatárias da Declaração de Independência de Israel em 1948. Ao longo de sua carreira, ocupou cargos ministeriais importantes, incluindo Ministra do Trabalho (1949-1956) e Ministra das Relações Exteriores (1956-1966), onde desempenhou um papel crucial na diplomacia israelense. Sua gestão como primeira-ministra foi marcada por desafios, notavelmente a Guerra do Yom Kippur em 1973. Conhecida por sua resiliência e determinação, foi frequentemente referida como a “Dama de Ferro” da política israelense.

Cargos e Títulos

Primeira-Ministra de Israel
Ministra das Relações Exteriores de Israel
Ministra do Trabalho de Israel
Embaixadora de Israel na União Soviética
Secretária Geral do Mapai
Membro do Knesset

Filiação Política

Partido Trabalhista de Israel (1968–1978)
Mapai (1930–1968)
Ahdut HaAvoda (1919–1930)

Família

Pai: Moshe Mabovitch
Mãe: Bluma Naiditch
Cônjuge: Morris Meyerson (casados de 1917 a 1951)
Filhos: Menachem Meyerson , Sarah Meyerson
Política Israelense Diplomacia Movimento Trabalhista Sionismo Guerra do Yom Kippur Formação de Israel Primeira-Ministra de Israel 17 de março de 1969 3 de junho de 1974 Ministra das Relações Exteriores de Israel 18 de junho de 1956 12 de janeiro de 1966 Ministra do Trabalho de Israel 10 de março de 1949 18 de junho de 1956 Embaixadora de Israel na União Soviética 2 de setembro de 1948 12 de abril de 1949

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